che rohayhu papi

cada dia mais uma folha seca de você se cai.
vejo seus galhos outrora viçosos perdendo a força,
seus frutos deixando de nascer,
seus pedaços ficando quebradiços,
suas cores esfriando,
e mesmo com a primavera vindo,
seu ciclo desafia o curso natural da vida
e dita seu próprio tempo, seu próprio fim.
você está de pé,
e eu, que te assisto,
só consigo lembrar das primaveras que te presenciei,
do sarcasmo que tua copa ditava humores,
das poses que sua árvore já não faz mais.
e das flores que nasciam de você.
do grande florescer que era você.
e que ainda é… mas que não é mais você.
um outro você.
lido com o seu luto contigo em vida,
porque cada dia que passa,
um pedacinho seu se vai.
a árvore patriarca que é você
cada dia me dá um beijinho se despedindo
me deixando memórias que não moram mais em você…
só em mim.
e com esses beijinhos, sinto que firmamos compromisso
de que por mais que você esqueça,
eu jamais vou esquecer
da primavera completa que me é você na vida.
sou raiz minha, caule eu
e você, flores minhas.

aguyje che yvyra